História de Eixo

Junta de Freguesia de Eixo e Eirol

História de Eixo


Origens




O território da freguesia de eixo apresenta vestígios de povoamento pré-histórico, romanizado e até medieval. Nomeadamente, as terras de Eixo eram já referidas em documentos de 1079 e do concelho constam noticias de 1282. Por sua vez, o Cenóbio de Santo Isidoro de Eixo data de 1095. Nesta época, os mosteiros funcionavam como centros espirituais e culturais, sendo autênticos bastiões de revitalização económica, promovendo a organização das parcelas fundiárias. Destas tarefas estavam ocupados os fregueses que se fixavam nas terras pertencentes à Igreja e às suas ordens.




Época medieval




Embora se ignore a época de fundação da Vila de Eixo, estas terras aparecem mencionadas em documentos desde o séc. XI até ao séc.XV.



Sabe-se que em 1095, Zolmeia Gonçalves fez uma doação de certas propriedades à igreja e ao mosteiro de Santo Isidoro d’Eixo, no território da então Diocese de Coimbra. Já no reinado de D. Dinis (sec. XIII-XIV), este doou terras da freguesia ao Mosteiro de Santo Tirso, realçando a importância desta povoação, a qual, depois de Aveiro, é a maior terra do Concelho.



Assinala-se também a presença do monarca D. Fernando (séc. XIV), que no ano de 1372 aqui doou a Vila de Aveiro à sua esposa, D. Lenor Telles, quando se dirigia ao Mosteiro de Leça do Balio para o casamento com esta princesa.



D. João II (séc. XV) confiscou estas terras, doando-as à princesa Santa Joana. Aquando da morte desta, no convento de Jesus de Aveiro, estas voltaram para a coroa em 1490.



O concelho de Eixo teve foral novo concedido por D. Manuel, em 2 de junho de 1516, aos “Concelhos e Terra de Eixo e Requeixo, tendo principalmente em vista a cobrança e arrecadação das rendas e direitos reais”. Desta forma, este território consistiu num Almoxarifado, isto é, um território de reguengo, sob a alçada de um oficial régio, especializado no fisco – o Almoxarife.



A partir de 1645, a Casa de Bragança ficou a ser titular do Almoxarifado e Julgado de Eixo. Para além deste, eram constituídos também pelas Vila e Concelhos de Requeixo, Óis da Ribeira, Paus e Vilarinho do Bairro. Eram assim, todos da Comarca, Correição ou Provedoria de Barcelos. A Casa de Bragança recebia os foros, rações e laudémios das terras de Eixo até 1846, quando foram revogados os forais e extintos os foros, serviços e prestações agrárias de qualquer natureza ou denominação.



A par com a Casa de Bragança, outros senhorios detinham aqui terras. São exemplo disto a Ordem do Hospital ou de Malta, os conventos de S. Tirso, de Grijó, de S. Pedro de Rates, de Lorvão, de Sta. Cruz de Coimbra e outros fidalgos que repartiam entre si o território do Almoxarifado de Eixo.



As aquisições destas terras provinham de doações de antigos Senhorios. Uma das casas que permaneceu por algum tempo devido à grandeza e amenidade da terra, foi a Casa de Marnell. Este facto relaciona-se assim com o crescimento e importância que a Vila assumiu como sede concelhia de um território alargado e habitado por gente que se distinguia na vida religiosa e política local e nacional.



Contudo, aquando do Numeramento de 1527, quando a Vila de Eixo abarcava oito povoados, tinha uma população pouco numerosa. Foi com o forte desenvolvimento agrícola registado no concelho durante os séculos XVI e XVII que em 1689 já estivessem referenciados no termo da Vila de Eixo 11 lugares e 10 póvoas.



Já no Séc. XIX a importância do antigo concelho de Eixo confirma-se por ter sido sede de Juizo de Fora e Juizo Odinário, tendo este sido extinto em 1853 mantendo, contudo, a sua sede a categoria de Vila. Nesta altura surgiram algumas alterações sendo que Horta e Eirol transitaram para Eixo, bem como Fermentelos, Nariz, Taipa. A nível religioso, em 1849, a antiga paróquia de Santo Isidoro de Eixo deu lugar a Horta e à Azenha de Baixo.



Estas alterações vieram também confirmar que depois de Aveiro, Eixo é a maior vila do concelho. Desde a sua rua principal, Rua Direita, com 2km de comprimento, até à estrada que liga Aveiro a Águeda que se torna uma circunstância benéfica para o comércio da terra e das populações locais. Foi esta via que veio facultar a ligação do território de Aveiro à antiga estrada que ia de Lisboa ao Porto. Esta é a razão pela qual assumia uma significativa atividade comercial.



No que toca às atividades da população, tanto Eixo como Requeixo, era um pequeno burgo com ares de urbanidade. Foi sempre de notar a atividade agrícola centrada em algumas quintas onde abundava a produção de cereais como o milho, trigo, cevada, aveia e centeio. Bem como a criação de gado bovino e cavalos. Para isto contribuíram os muitos e bons pastos, não só dos terrenos altos mas, principalmente dos extensos terrenos do campo ou terras baixas que ficavam entre a Vila e as margens do Rio Vouga. Este rio vem ser o principal acidente geográfico desta freguesia.



Tradicionalmente, associa-se também esta vila à industria cerâmica de telha e tijolo. Pensa-se que esta já existia em 1555. Estas afirmações confirmam-se pela descoberta de um forno no sítio da Costa de Arriba, destinado ao fabrico de tégulas, tijolos e outros produtos para construção, datados entre os séc. I e III.



Outro importante monopólio desta Vila foi a manufatura de caldeiras de cobre. Este mercado gerou emprego e rendimentos a várias famílias devido à sua extensa exportação para mercados do país.



As atividades praticadas nesta Vila alimentavam diversas profissões ligadas ao funcionarismo público e outras que serviam de suporte à vida da população como: alfaiates, padeiras, peneireiros, sombreireiros e outros.



São estas memórias que deram nome à povoação e cuja memória conjuntamente com os solares e o demais património edificado, abonam a favor da antiguidade e importância desta freguesia. Embora tenha deixado de ser concelho, mantem no seu estatuto de Vila a representatividade de um importante pólo de povoamento medievo.



Este lugar é representado como “uma aldeia graciosa e poética – a rainha das aldeias – uma linda Ceres no meio dos campos, de pés molhados das águas do seu ribeiro, de regaço atulhado de espigas e de cachos de uvas, de braços nus para o trabalho, de foice ao ombro, de rosto cheio, aberto, ridente” (Vidal, 1967).




Atualidade




O crescimento económico de Aveiro deu lugar à construção de novas áreas residenciais, o que facilitou um acréscimo dos seus habitantes nos principais lugares da freguesia: em Azurva, Eixo e Horta. Estes são os lugares que permaneceram na antiga freguesia depois da desanexação de Oliveirinha. Os dados de 2011 registam uma população de 5,5 milhares de indivíduos.


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