História de Eirol
Esta antiga freguesia do Concelho de Eixo, designada por Sta. Eulália de Eirol, surge em várias referências do povoamento medieval das Terras do Vouga. Uma dessas menções dá conta de uma “doação feita por El-rei D. Afonso Henriques ao mosteiro de Santa Cruz de Coimbra”, em dezembro de 1166, de propriedades onde consta o lugar de Santa Eulália de Eirol.
No séc. XVI, Eirol e Carcavelos passariam para a posse do mosteiro de S. Salvador de Grijó, o que evidencia o esforço desta comunidade conventual em relação ao povoamento das terras do Baixo Vouga e o arroteamento progressivo da sub-região pantanosa do concelho de Eixo.
O Foral de Segadães, de 1516, vem comprovar a antiguidade desta freguesia, que foi separada de Travassô em 1620, continuando ainda assim sob jurisdição do mosteiro de S. Salvador de Grijó, até 1834.
O trabalho de exploração agrícola foi feito “a soldo dos senhores que haviam conquistado as referidas terras ou as tinham adquirido por doação”, sendo incentivada por essas comunidades religiosas.
Já em 1839, esta freguesia aparece integrada na comarca de Aveiro, embora pertencente ao concelho de Segadães. Em 1852, na comarca de Eixo, em 1862 na comarca de Aveiro e em 1878 no julgado de Requeixo. Entretanto, é de registar uma nota sobre a sua extinção, proposta pelo Governo Civil de Aveiro à Câmara de Eixo, juntamente com a criação da Freguesia de Oliveirinha.
O reduzido crescimento demográfico desta terra ou os interesses emergentes da classe política local estiveram na base desta intenção, mas o respetivo órgão respondeu “que não convém a sua extinção, não só por ser muito antiga mas porque os povos dela olham para isso com desagrado”.
Quanto à designação deste lugar, poderá a mesma ter que ver com a palavra Eiró – enguia ou espécie de enguia, existente em abundância e que se propaga na ria – assinalando o próprio topónimo de Aveiro (Ave e Eiró). Outra explicação vem da existência de antigas “eiras” destinadas à seca de cereais, justificada pela localização da freguesia na margem esquerda do rio Vouga e da cultura de cereais que beneficia da qualidade dos solos de aluvião e dos traços climáticos que apresenta.
A este respeito, na literatura, Eirol é referido como uma terra fértil em todos os géneros de agricultura. Bem como existindo criação de gado para exportação. Esta é uma atividade rural que tem acompanhado a evolução da freguesia cuja sede, alcantilada sobre o vale, deixa a descoberto uma atividade rural de onde ressaltam as antigas culturas do milho e do arroz e a fragilidade dos solos alagadiços, de tipo paul, que ganham expressão nas freguesias vizinhas de Requeixo e de Fermentelos. É, portanto, uma localidade centrada na agricultura e na vida simples dos seus antigos habitantes, concentrados em torno da velha igreja construída com pedra da região e que serve de referência aos fregueses e aos que habitam o mesmo vale.
Para além da atividade rural, situam-se nesta freguesia restos de explorações de Grés vermelho ou arenitos – o arenito de Eirol – utilizados na construção do Farol da Barra. Estes depósitos do Triássico e Cretácico servem de escarpa ao leito do rio Vouga, entre Eirol e Eixo, que depois desta localidade prossegue num vale alargado por Angeja e Cacia.
Sendo uma terra rica em água, impõe-se uma referência à Ponte da Rata com o seu aqueduto de três vãos sobre o rio Águeda, que serve para recordar as cheias violentas e a corrente de águas de jusante para montante, que se fazem sentir nesta ária da bacia do Vouga. Antes da sua construção o atravessamento do rio era feito através de uma barca de passagem. Mais tarde, a acessibilidade a esta freguesia foi facilitada pela linha do Vouga, infraestrutura que poderia servir de transporte de novos habitantes que quisessem disfrutar, na povoação tipo “ninho de águia” ou nos lugares vizinhos, a paisagem rural permitida pelo vale a pela vegetação dos rios Águeda e do Vouga.