Cemitério De Eixo
Em 02 de Agosto de 1892, realizou-se uma sessão ordinária da Junta de Paróquia de Eixo. Foi então deliberado que o presidente solicitasse ao pároco, padre José Tavares Pinheiro, já muito doente, a bênção litúrgica do novo cemitério, «para nele se fazerem os enterramentos»; decidiu-se também que, uma vez realizada a cerimónia religiosa, «nele se fizessem os enterramentos e se proibissem no adro da igreja matriz, e só se consentissem no cemitério paroquial, que se achava construído» (Arquivo da Junta de Freguesia, Sessões, livro 3, fl. 134). Efetivamente, o cemitério havia acabado de se construir no sítio da Lavoura, não longe da Capela de Nossa Senhora da Graça. Assim se dera cumprimento aos decretos régios de 21 de setembro e de 08 de outubro de 1835, confirmados pelo decreto de 28 de setembro de 1844, que promulgou a `Reforma da Saúde Pública´, onde, sem menosprezo pelos mortos, mas com respeito pelos vivos, foi proibido o enterramento dentro das igrejas. Como em Eixo estas disposições legais tardavam em concretizar-se, o ministro e secretário de Estado dos Negócios do Reino, pela Direção Geral de Administração Política e Civil, dissolveu a Junta de Paróquia e mandou que se procedesse à eleição de uma nova Junta. O motivo da dissolução foi o facto de a mesma autarquia, «sem embargo de haver sido completamente avertida para tomar as deliberações indispensáveis para a construção do cemitério paroquial», vir contrariando a mesma obra, embora se achasse descrita no seu orçamento ordinário uma verba destinada àquele efeito. «É urgente a edificação do cemitério da referida freguesia, onde ainda se estão fazendo os enterramentos no adro da respetiva igreja, em menoscabo da legislação em vigor e com grande risco da saúde pública» - lê-se num dos considerandos do documento (Diário do Governo, nº 290, 20-12-1890). A nova Junta de Paróquia acabaria por arrematar a construção do cemitério definitivo por trezentos e trinta e nove mil réis – ou trezentos e trinta e dois mil réis, com uma frente mais simples – segundo o projeto e as condições apresentadas (Arquivo da Junta de Freguesia, Sessões, livro 3, fls. 99v-100). A data patente no portão de entrada, atesta o ano do termo da obra. Em 31 de agosto de 1892, faleceu Joana de Figueiredo – conhecida vulgarmente por Joana do Mateus, solteira, de setenta e um anos de idade, filha de Mateus Cabo- Mor e de Joana de Figueiredo; foi o primeiro cadáver a sepultar-se neste cemitério, presidindo ao funeral o pároco `encomendado´, padre Joaquim da Silva Neto (Arquivo Distrital de Aveiro, Óbitos de Eixo – 1892, livro nº 115, assento nº 17; Vieira, Memória ..., apêndice; Arquivo da Junta de Freguesia, Sessões, livro 3, fls 50v-51v). Com a construção do cemitério, que teve uma ampliação relevante em 1984, onde, em dezembro desse ano, se realizou a primeira, sepultura, que foi a de José Dias de Carvalho, a igreja matriz de Santo Isidoro e o seu adro libertaram-se dos enterramentos de cadáveres, embora aí continuassem a permanecer os restos mortais anteriores.